- O Conselho Geral, de 2019 – 2025, em sessão de trabalho. Da esquerda para a direita, Irmãs Etelvina Mendes Tavares, Honorine Woya, Maria Aparecida Mereiles Cardiais, Agnès Simon-Perret e Olga Maria dos Santos Fonseca.
Minhãs Irmãs
Caros amigos,
Eis-nos nas vésperas do nosso 16º Capítulo geral. O nosso ano de preparação e de oração pelo Capítulo termina com a celebração do Pentecostes. Recebido cada mês, o Guia de animação ajudou-nos, através da palavra das Bem-aventuranças em Mateus 5, 1-16, a encontrar mais o Jesus da Boa Nova. Jesus em atitude de anúncio como Jesus no pobre e na alegria da partilha. Este Guia mensal permitia-nos partilhar, primeiro entre nós, a nossa fé. Levava-nos a caminhar não só na confiança, mas também na suave docilidade ao Espírito. Colocava-nos no caminho da justiça e da paz, duas irmãs inseparáveis. O Guia fazia-nos meditar mais sobre a autoridade ao serviço da comunhão na Congregação, tomando uma atitude de escuta ao apelo da audácia do Evangelho. Este Guia convidava-nos também a olhar as nossas Idosas como tecelãs de paz, a deixar agir em nós a força do Evangelho e a renovar o verdadeiro zelo do apóstolo. É nesta atitude de profeta que a nossa vida espiritana se torna grão de sal, espalhando o perfume do bem. Bem que ilumina e cheira bem.
- Boletim N°1
Todas estas atitudes, estas convicções, estas tomada de posição e de palavra de Jesus, na narração das Bem Aventuranças, são para nós uma força para nunca mais ter medo de escolher o Cristo despojado e humilde. Aquele que nos ensina a lavar os pés uns aos outros, se queremos ser verdadeiramente seus discípulos. Ousar correr o risco de escolher a Cristo todos os dias. Escolhê-lo com entusiasmo e determinação, e abandonar-se a Ele, para O seguir nos caminhos, por vezes bem tortuosos, das nossas vidas.
O Jesus das Bem Aventuranças é muito inspirador para a nossa vida missionária. As Bem Aventuranças comunicam o ser profundo de Jesus, revelando-nos, versículo após versículo, o ser profundo de Jesus, revelando-nos versículo após versículo as escolhas de vida que Ele próprio fez no seu tempo. Ontem para Ele, como para nós hoje, é preciso muita coragem para viver a fundo a fé. Jesus segue o vento livre do Espírito. Depois Ele convida-nos a fazer o mesmo.
- O monte das Bem-aventuranças
Estarei eu disposta a seguir, com total liberdade, o novo que o Espírito me traz neste Pentecostes?
Escutai-o, o Espírito está lá, a brisa matinal revela a sua presença, é ele que nos abre o caminho da esperança, a sua luz discreta indica-nos o caminho da bondade… deixemos que ele nos leia esta página do evangelho abrindo ao mesmo tempo a nossa história humana a novas perspetivas.
Felizes as Espiritanas, que aprendem a cuidar da pobreza de coração para partilhar sempre sem acumular.
Felizes as mansas que inspiram a serenidade lá, onde habitam.
Felizes aquelas que sabem conservar um coração puro e que, maravilhando-se, descobrem Deus nos traços de beleza da sua vizinha.
Felizes aquelas que sabem dar e acolher o perdão, sem alimentar as feridas.
Felizes aqueles que têm compaixão daqueles que sofrem no silêncio do coração e da carne.
Felizes aquelas que não têm medo de agir para que a justiça se torne uma realidade nas nossas sociedades, sociedades cada vez mais cheias de exclusões. Felizes os artesãos de paz que inspiram o bem. Felizes aquelas que têm a coragem de se deixar perseguir por causa do amor por Jesus e pelo seu Evangelho.
Felizes aquelas que aceitam ser servas inúteis, e por vezes mesmo insultadas por causa do Ressuscitado.
Todos estes homens e estas mulheres falam-nos do Espírito que os faz viver. Pelas suas atitudes ajustadas à mensagem do Evangelho, tornar-se-ão justos. Cf. Romanos 8, 10.
Regozijemo-nos e alegremo-nos, porque estas mulheres e estes homens se deixaram conduzir pelo Espírito de Deus e se tornaram filhos e filhas de Deus. Cf. Romanos 8, 14. Estes bem-aventurados e bem-aventuradas falam-nos pelas suas vidas e sem interrupção, da bondade infinita de Deus. É como chuva fina que penetra a terra e faz germinar as sementes. Estas vidas, totalmente dadas, no tempo de Deus darão fruto. E é o Senhor que o diz, «Aquele que permanece em Mim e eu nele, esse dará muito fruto, porque fora de mim, nada podereis fazer». Cf. Jo. 15, 5.
É verdade que fora do Senhor nada podemos fazer. Nós o vivemos, muito fortemente, durante todo este mandato de Conselho. No decorrer dos dias, descobrimos mais o Senhor da Paz e da Alegria. A sua poderosa presença acompanhou-nos nos dias de sol como nos dias de chuvas abundantes. Pudemos tocar a sua presença de muitas maneiras e o seu Espírito abriu-nos caminhos inexplorados pela nossa inteligência e a nossos olhos.
Deste modo, fomos chamadas a acreditar no Senhor dos impossíveis. E o Senhor dos impossíveis reservou-nos belas surpresas neste serviço de animação da Congregação. Como o Espírito do vento que sopra onde quer. Os nossos programas, muitas vezes ornados de imprevistos, coloriram a vida do 1º andar da Casa Mãe. Do mesmo modo, o Senhor do inesperado nos fez percorrer estradas desconhecidas e a nossa confiança na Providência foi bem posta à prova. Aprendemos mais e com mais regularidade a trabalhar em Equipas de trabalho, equipas de trabalho que reuniam Irmãs de fora da Administração geral. E esta experiência foi formidável para todas nós. O Deus da criatividade ajudou-nos a harmonizar os nossos dons e a pô-los em prática juntas, ao serviço de toda a Congregação. Dinâmica de sinodalidade!
Todo este movimento, das equipas de trabalho ligadas ao Conselho geral, dia após dia teceu laços fluídos com o Secretariado geral, o Economato geral, a Comunidade da Casa Mãe, os Arquivos da Congregação, as Casas de Formação do Instituto, as diferentes Principais e nós, Conselho geral. Esta animação tecendo laços entre todas nós, foi um verdadeiro Pentecostes!
Todas estavam cheias do Espírito Santo. Para o compreender, foi-nos necessário escutar umas às outras… e dar espaço para que cada uma se exprima segundo o dom do Espírito. Sem esquecer que nós vimos de todas as nações que há debaixo do céu, somos originárias de 20 nacionalidades, esforços foram feitos em toda a parte, para ouvirmos juntas a voz do Mestre que se fazia ouvir nos nossos corações, pelo apelo à vocação unicamente missionária que cada uma recebeu. Este Espírito nos reúne em multidão, em Instituto. Mesmo se não somos um grande número, a vida circula no seio dos Distritos e dos nossos serviços do generalato, ela circula nas nossas comunidades e, apesar das nossas fragilidades e das nossas fraquezas, falamos com alegria do Mestre da Vida. Nos diferentes países em que vivemos, em todos estes diversos culturais e religiosos que encontramos, descobrimos com admiração maravilhas. Cf. Atos dos apóstolos 2, 1-11.
É claro que, compreendestes bem que eu parafrasei o texto dos Atos dos apóstolos, narração do dia de Pentecostes, a partir das nossas vidas em missão, lá onde cada uma foi enviada, quer no seio do Conselho geral como dos Serviços do generalato. Efetivamente, quantas vezes, nós temos sido testemunhas de uma brisa ligeira ou de um súbito ruído, chegado sem aviso preliminar, esta rajada de vento inesperada que nos conduz na Luz e Força da Palavra. É verdadeiramente isto a graça. Este dia de Pentecostes reatualiza-se no meio de nós, nas nossas vidas, com os traços dos nossos rostos, trazendo as narrações das nossas histórias humanas, e sempre com a mesma força inabalável do Espírito.
Cada uma das Irmãs, quer se encontre em etapa dos Votos temporários, ou no grupo da idade nobre, que esteja ao serviço da animação comunitária ou do Distrito, na pastoral ou na educação, na saúde, gestão, na formação da jovem ou da mulher ou ao serviço do percurso da formação da jovem chamada a ser espiritana, o importante é transmitir a todos este Espírito que nos faz viver: «Espírito de gratuidade que não deseja senão o bem da pessoa e a glória de Deus. Espírito de fraternidade universal aberto à diversidade das nações. Espírito do Deus Vivo que nos enche de alegria, sinal do Reino que anunciamos». Cf. A Nossa Vida Espiritana, n°7.
Escutemo-lo, o Espírito está lá. Escutemo-lo, nas palavras cheias de esperança que a nossa querida Fundadora nos deixou, herança espiritual para cada uma de nós: «Espírito Santo, iluminai-me para que eu faça a santíssima vontade do Pai Celeste. Que a obra se faça como Deus a quer! Ela está começada, Vós conduzireis tudo a bom fim». Cf. Diário da Irmã Eugénie Caps, 15 de janeiro de 1921.
Escutemo-lo, o Espírito na graça da fidelidade ao Carisma inicial da Congregação que as nossas Mais Velhas receberam e nos transmitiram. O Espírito está lá na alegria das mais jovens, a viver a missão com zelo e entusiasmo, por vezes em contextos bem difíceis. O Espírito está lá nos nossos Amigos e Amigas, que nos ensinam a descobrir traços múltiplos, interessantes e pertinentes, da nossa Espiritualidade, tornando-a assim mais viva do que nunca. O Espírito está lá em cada uma de nós, que fazemos esforços para vivermos ajustadas à determinação e à audácia dos princípios do Instituto, caminhando sem medo, ao passo da Providência.
«Vivamos de fé, que ela seja viva a ponto de transportar montanhas. Nós queremos pertencer inteiramente a Deus, não guardemos nada para nós, é preciso que sejamos leves como plumas, é preciso que voemos livremente». Cf. Cartas da Irmã Eugénie Caps a Catherine Frentz, Coleção espiritana 2, pag. 29.
Escutemo-lo, o Espírito está lá, sejamos leves. Leves como plumas. Sejamos livres de qualquer apego… Então, nós o escutaremos. Bom voo.
A cada uma de vós, com todo o Conselho geral, desejo-vos um magnífico Pentecostes de 2025 e que as graças do Espírito repousem mais profundamente em vós, nas vossas famílias e nas nossas comunidades à imagem de um selo indelével.
E neste dia de plena Luz do Espírito, abraço-vos com alegria e ternura,
Irmã Olga Fonseca,
Superiora geral das Irmãs Espiritanas.