O Padre Libermann

Biografia do Padre Libermann

Aquele que antes se chamava Jacob Libermann nasceu em Saverne, Bas-Rhin, em 1802, numa família judia de estrita ortodoxia. Filho de rabino, também ele estava destinado a ser rabino, mas o contacto com o mundo exterior, em Metz, perturba-o profundamente e, em 1826 ele confessa já não acreditar na Bíblia. Depois de uma longa e dolorosa caminhada, instala-se em Paris onde o espera uma repentina conversão ao catolicismo.

Um dia de novembro de 1826, põe-se a rezar suplicando o Deus dos seus pais. «Imediatamente, conta ele, fui iluminado e vi a verdade. A fé penetrou o meu espírito e o meu coração». Batizado, aquele que agora se chama François Marie Paul entra no seminário de Saint Sulpice, em Paris. Tendo conhecimento da sua apostasia, o pai amaldiçoa-o. Em 1829, na véspera da sua ordenação ao sob-diaconado é derrubado por uma crise de epilepsia que, durante doze anos, lhe barra o caminho do sacerdócio. Durante esta longa provação, torna-se conselheiro espiritual de numerosos seminaristas, de padres, de leigos com quem mantém frequentes relações epistolares.

Posto a par de um projeto de evangelização dos escravos, a Obra dos Negros, François  lança-se na aventura e dirige-se a Roma para defender o dossiê. A resposta de Roma é positiva. Curado, é enfim ordenado padre em 1841, em Amiens. Funda então a Congregação do Santíssimo Coração de Maria, para a evangelização dos mais abandonados, com uma prioridade pelo continente negro. Em 1848, a sua pequena Sociedade fusiona com a Congregação do Espírito Santo. François Libermann torna-se o décimo primeiro superior geral.

Nas cartas aos seus missionários ele comenta amplamente o sentido profundo daquilo a que chama a «vida apostólica». No decorrer da sua correspondência, o Padre Libermann revela-se um dos grandes mestres espirituais da nossa época, colocando em evidência, a partir da sua própria experiência, a ação do Espírito Santo no centro da vida e do compromisso dos homens. Ele morre em 1852, não tendo ainda 50 anos.

Libermann e Eugénie Caps

No dia 25 de abril de 1915, Eugénie Caps escuta o apelo para fundar uma nova Obra de Irmãs Missionárias. Em 1919, quando de uma exposição missionária, encontra os escritos do Padre Libermann. Depois de ter lido «Vida do Venerável Padre Libermann», declara: «Eis o nosso espírito prontinho». Eugénie encontra nos escritos de Libermann uma experiência espiritual que lhe é comum.

Nós encontramos semelhanças entre estas duas figuras espirituais. O grande ponto comum é a vida guiada pelo Espírito Santo ao serviço da evangelização, nas regiões mais pobres e mais afastadas. Na época de Libermann, tratava-se dos escravos negros da África. No tempo de Eugénie, a África vivia ainda sob a era colonial. Ambos tinham ouvido o apelo missionário de dar a conhecer Cristo a estas populações longínquas. A espiritualidade de Eugénie encontra-se com a de Libermann em:

  • O discernimento da vontade de Deus
  • A docilidade ao Espírito Santo
  • O zelo apostólico e a missão
  • A santidade do missionário
  • A caridade e a união prática
  • A humildade, a renúncia e a cruz
  • O abandono e a paz
  • A confiança e a alegria

Os seus percursos de vida apresentam pontos de semelhança bastante surpreendentes: Ambos foram chamados a fundar uma nova obra de missionários, mas nenhum deles pôde partir para a Missão em África. Ambos morrem praticamente de esgotamento, tendo dado tudo para o êxito da obra confiada por Deus. Ambos tinham uma grande devoção ao Espírito Santo e Coração de Maria.​