Irmã Andrée Boutin, Espiritana do Canada, compartilha conosco como o movimento Albatros acompanha as pessoas em cuidados paliativos ou no fim da vida, para colocar sempre mais vida, onde tudo parece ter acabado.
Albatros, meu pássaro de luz
Albatros, meu anjo de ternura
Albatros, eu me agarro às tuas asas
Albatros, deixa-me voar contigo para o coração do amor.
Robert Lebel
Estas palavras do cântico de Robert Lebel exprimem bem o que é o movimento Albatros.
A sua missão: Acompanhar com toda a gratuidade e sem discriminação de raça, de religião, ou de condição social, as pessoas atingidas por doença grave, em cuidados paliativos ou em fim de vida e isto, desde o anúncio do diagnóstico e até ao fim da vida.
A sua filosofia: Ser uma mão estendida de um ser humano a outro ser humano. Nesta mão estendida eu coloco o que eu sou e o doente, os membros da sua família, aí colocam também o que eles são. O movimento Albatros do Québec existe desde 1980. Atualmente são mais de 1100 voluntários formados e comprometidos que estão presentes para acompanhar as pessoas que vivem as ultimas etapas da sua vida e para apoiar os seus próximos.
Os Voluntários. As pessoas que desejam tornar-se membros Albatros, devem seguir uma formação geral de 36 horas, 12 módulos de 3 horas, para se conhecerem melhor e receberem utensílios necessários para este acompanhamento. Os assuntos abordados são, acompanhamento em cuidados paliativos, comunicação, dimensão física, psicossocial, espiritual, luto, questões éticas e jurídicas, agonia e morte, a criança perante o falecimento de um próximo. Aulas teóricas sim, mas muita colocação em situações para ajudar cada um dos participantes a reconhecer as suas riquezas e as suas fragilidades e a tornar-se mais apto para a escuta, o respeito e o apoio ao doente e suas famílias. Se o exame individual de cada candidato no fim da sua formação é conclusivo, ser-lhe-á confiada uma pessoa a acompanhar, uma hora por semana, quer em meio hospitalar, em R.P.A. (Residência para Pessoas idosas) ou a domicílio, segundo as suas preferências, e isto atá ao falecimento da pessoa. As experiências são variadas, mas todas de uma riqueza incrível. Os laços tecidos com os doentes e os membros da sua família ao longo de todo o processo fazem crescer uns e outros e muitas vezes a relação continua para o acompanhamento do luto, o tempo necessário, se a família o deseja.
Morte Medicalmente Assistida (AMM). Este assunto não fazia de modo algum parte da formação de Albatros. O Québec, em avanço no plano internacional, vê com tristeza o número de pedidos de AMM aumentar todos os anos. O Governo, neste ponto de preferência liberal, preconiza o direito de cada indivíduo a recorrer a este serviço, se o desejar, e ainda mais facilmente visto que este ato, desde há alguns anos, não é considerado crime, e em breve será alargado a pessoas que sofrem de perturbações mentais, de depressão e que mais ainda ?! Perante este fenómeno crescente, o voluntário Albatros, se se sente suficientemente à vontade nas suas convicções, continuará a sua presença, a sua escuta e o seu apoio, no respeito da pessoa acompanhada, evitando aprovar ou condenar a escolha do doente, mas simplesmente levá-lo a viver plenamente até ao último momento.
Formação contínua: A evolução das situações pede um ajustamento constante, uma atualização necessária. Por isso, formações pontuais, de 3 a 6 horas, são dadas para os membros que o desejam, sobre assuntos complementares, sempre com a preocupação de responder às necessidades das pessoas acompanhadas.
Os pedidos, de cada vez mais numerosos, que chegam ao gabinete da Associação dão testemunho de uma necessidade urgente de acompanhamento das pessoas em fim de vida. Graças à presença e à escuta de um voluntário, complemento do que a família pode fazer, o doente pacifica-se, vive plenamente os seus últimos momentos e a partida. A separação faz-se com mais suavidade, o que não tira nada à dor e sofrimento, mas são antes vividos de maneira diferente.
Significado do logo :
O arco-íris simboliza uma ponte entre a terra e o céu.
O Albatros, um grande pássaro do mar, representa a alma que se desprende do corpo, e quer evocar o voo da alma para a luz. É por isso que ele parece desprender-se do logo.
Irmã Andrée Boutin